quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Renascer...



Tudo o que revive, por lógica, já, de alguma forma, pereceu. Se pelo fogo, tal como a fênix, renascerá das cinzas, mas se corroído pelo tempo de que forma irá retornar? Se da memória apagada de uma ideologia conseguimos salvar a essência, será por meio do mais ínfimo e puro ato, o de compor a personalidade da coisa. Se deste altar de reflexão me retirei é porque visava um retorno que carregasse consigo tudo de novo que o residente deste corpo viveu, sentiu, compreendeu, mas que principalmente criou, com o simples dom da insanidade.         
A loucura é o berço da razão. Da anormalidade é que se tiram conclusões relevantes, do comum temos sorte se destilarmos uma ou duas virtudes. O diferente se destaca, e por se destacar vira alvo, foco de repulsa e preconceito, fonte não de todos os medos, mas do maior deles, o medo da mudança. Insano é aquele ergue a bandeira do progresso e ironicamente é este o primeiro racional de uma nova geração, assim como qualquer revolucionário se torna o mais fervoroso conservador após a revolução.
Assim que uma ideia se assenta ela já é ultrapassada. Num primeiro minuto toda a essência de uma tendência se esvai, têm inínio o deley dos disparos, o progresso fica estagnado pelo tempo que durar o efeito entorpecente da mudança, depois o mundo se agita, percebe a mais singela premissa, o homem não foi feito para ficar parado. Energizados pelo choque de compreenção passamos a buscar um alvo abstrato, composto por uma realidade ainda desconhecida, que a chama que arde na mente de cada um de nós anseia iluminar.
          O que não compreendo é como hoje o esplendor de uma tocha pode se encontrar resumido no espaço de uma fagulha. Dividida, essa ânsia de milhares se encontra amparada por poucos. Como chegar ao topo do progresso? Inatingível... O conformismo se confunde com a interpretação mais ridiculamente simples e errônea do pragmatisto: “buscar fazer somente aquilo que se mostre fácil e não demande esforço”. A ânsia destruída pela contra-chama de um imperialismo comportamental, cujas cinzas o tempo insiste em corroer, parece lentamente perder sua essência, mas uma mente dissonante, naturalmente, visa preservá-la.


@Ferreira_GMV

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