segunda-feira, 13 de junho de 2011

A matemática da Angústia de Sartre


          Você deve estar se perguntando qual a relação das teorias de Sartre com a matemática ou então lendo este post com um olhar de descrença que ao mesmo tempo me incrimina de ser um louco. Pois bem:



          Esta é uma representação das chamadas Equações de Lorenz; o evento ,apelidado de efeito borboleta, tem como principio fundamental o fato de que ínfimas mudanças nos dados de um sistema não-linear causariam um efeito dominó partindo de uma interseção e que mudaria por completo os resultados finais do experimento. Lorenz era um metereologista que elaborou essa tese como forma de elucidar como as diversas condições naturais afetam o clima e de provar que um modelo meteorológico eficaz seria aquele capaz de prever o maior número de resultados possíveis. A tese de Lorenz é um esboço da Teoria do Caos que demonstra matematicamente o motivo da Angústia desenvolvida pela filosofia de Sartre, justificada na imprevisibilidade do resultado de nossas ações.




          O filme Efeito Borboleta utiliza essa temática de maneira a provocar uma reflexão não só sobre essa angústia, mas sobre a maneira pela qual ela influencia nossas ações. O filme traz como protagonista um jovem que possui a habilidade de voltar no tempo e mudar determinados acontecimentos, e que movido por essa angústia de não saber como os fatos se desenvolveriam se ele tivesse agido de maneira diferente, decide fazer uso de seu poder para tentar melhorar seu presente, mas esbarra em questões delicadas, pois alterando o menor dos detalhes ele inicia uma reação em cadeia que altera completamente a realidade, o que acaba contrapondo sua felicidade com a dos demais, fazendo com que ele perceba que ele nunca poderá ser livre dessa angústia uma vez que a vida é um sistema caótico com interferências demais para se ter certeza de algo e de que sendo assim as muitas únicas escolhas que temos durante a vida devem ser feitas da melhor maneira possível. 



          Dr. Ian Malcolm, personagem fictício criado por Michael Crichton em seu romance Jurassica Park, é um matemático adepto da Teoria do Caos que é convidado a participar de um grupo de especialistas que tem como objetivo avaliar a segurança do empreendimento multimilhonário de John Hammond e de sua empresa de biotecnologia, a InGen, que tinha como ponto chave a recriação de espécimes de dinossauros por meio de técnicas de clonagem para serem utilizados como atração de um parque temático. Ian permace a todo momento atento aos pequenos detalhes do funcionamento do parque e insiste em apontar quaisquer falhas que se consideradas em um sistema caótico resultariam em algo bem diferente do previsto pelos empresários da InGen. O livro, tal como o filme, mostra a comprovação dessa teoria, o destino mais uma vez foge ao controle e à compreensão do gênio humano.




          A filosofia de Sartre evidencia uma cruel verdade, a de que nós somos constantemente obrigados a lidar sozinhos com as consequências de nossas ações mesmo só tendo uma pequena parcela de culpa no evento. Partindo do pressuposto de que o início do universo se deu com o Big Bang, o sistema caótico que deu origem à realidade que conhecemos hoje teve início quando as duas primeiras partículas colidiram e iniciaram uma série de acontecimentos aleatórios e alheios à quaisquer caminhos pré-estabelecidos. O radicalismo de Sartre encontra razão somente da constatação de que só nossa ação final é que dá o estopim para os eventos. Podemos condensar essa teoria de Sartre se compararmos o homem à um artista que se dedica à pintar um quadro perfeito, mas que é obrigado a fazer isso vendado e desprovido de qualquer noção espacial, a obra resultante mesmo que influenciada por uma infinidade de incógnitas só ganha forma com o intermédio do artista e é impossível de ser prevista.




Att Ferreira_GMV