segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Reino de Tiquê...


          O que jaz em terras ermas, distantes da compreensão humana, senão o conhecimento capaz de responder aos questionamentos do homem. Uma verdade absoluta, inquestionável e  resolutamente inalcançável que é o objetivo da busca que todo homem, mesmo que inconscientemente, realiza em vida e quem sabe depois dela, uma verdadeira odisseia por um estado de derradeiro equilíbrio, a tão desejada felicidade.    
          A felicidade dita plena se resume no equilíbrio, num processo de contínuo desenvolvimento ligado ao sentimento de prazer, mas que permanece inatingível ao homem, visto que reside na paz e na aceitação da pluralidade do meio e na singularidade de si, sendo a ânsia por encontrá-la um motor capaz de mover o indivíduo. Sendo também ligada aos valores de cada sociedade, no que esta considera ser o certo e mentalmente saudável.
          Contudo, com o turbulento fim da Idade Média os valores de uma apoteose servida de pão e regada a vinho foram desvirtuados, se é que há muito não haviam sido. A sociedade que emergiu do caos constituía um paradoxo elementar, uma vez que abria espaço ao esclarecimento intelectual e ao mesmo tempo criava um sistema cruel e elitista, o mundo Pós-Revolução Industrial foi dominado pelo capital burguês e este fez surgir um novo conceito de felicidade, vendido em doses homeopáticas, de natureza entorpecente, pago com labor, um mundo onde até mesmo o acaso age em favor dos soberanos, onde a ilusão atua sobre os homens alimentando os respiradores do Éter primordial.
          O desvio que o homem impôs ao seu destino começa a ganhar forma a medida que novos avanços surgem no campo tecnológico. O problema da subinteligência se faz presente, já que a geração informacional negligencia a compreensão do próprio homem em prol da exploração de novos horizontes dos quais sabemos muito pouco, a compreensão dos valores necessários para a convivência pacífica se perde em meio a toda essa técnica, o que nos faz enxergar um novo homem, que se cansou de refletir antes de realizar e resolveu se transformar na mais destrutiva e instável das bombas.