quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Song of myself

               Existir pressupõe finalidade?

          Folhas em branco abrigam um potencial latente, mas por si só são banais. É o destino que talha a matriz para lhe conferir importância, a ação randômica do cosmos que preenche lacunas de maneiras virtualmente diferentes; espaço, tempo, vontade são grandezas independentes que se desdobram em planos distintos e que se fundem na materialização do ser. Corpo alterável, força inalienável e subjetivismo compõe a coisa.       
          O ser é um vértice dimensional. Conectivo entre matéria e Éter que se ergue na condição de organismo biológico, parte do fluxo material, parte do universo. Contudo, somos também alma, consciência, paradoxo etéreo e carnal cujo lado que de fato nos faz existir desconhecemos. Nesse labirinto atemporal, buscamos a identidade do eu e velamos constantemente teorias que não se manifestam em tinta sobre o papel.
          O que somos? O que ser? O que poder ser? Com uma mente que encontra um limite ao tentar mensurar a própria grandeza, o homem se perde. Ao mergulhar na escuridão da consciência, somos assaltados por sonhos seculares. Paz, felicidade, solidão e companhia, serenidade, equilíbrio. O que quer de fato o homem? São as perguntas que fazemos que inquietam nosso espírito, mas são as respostas que devastam o mundo. Arrogância humana achar saber de algo, tudo se prova errado com o tempo, mas gera ainda assim contentamento, e também dor.
          Existir por existir? Que mal haveria? Aceitar que os segredos se resumem neles próprios é a chave para a resposta. O que é a vida? Respondo: vida. E quem haveria de encontrar um erro? Falar por parábolas frequentemente ilude, pois esconde o óbvio. O ser é o fim dele próprio. Se engajar numa busca pelo próprio eu é a demanda de todo homem e o único caminho viável para o conhecimento da verdade e do amor.

Ferreira_GMV