sábado, 21 de julho de 2012

Ensaio sobre uma mente universal 2


          Cada indivíduo é único. O mais plural dos seres, portanto, deve possuir a mais plural das essências. Poderia a matriz humana ser assim tão variável, a ponto de assumir uma nova forma a cada criação? Haveria então uma forma? Seres de matéria cujas faces são ímpares. Seres de Almas complexas, onde bem e mal são conceitos utópicos demais para se concretizar. Somos criaturas de ímpeto, agimos por vontades.
          Somos fruto do tempo, do universo incriado. Efeito intermediário da busca por harmonia, síncope da lógica natural, materialização do biocosmo. Somos homens, com crenças etéreas, religiões de quinta essência, imateriais, desacreditadas. A realidade fundida ao cerne da visão humana é apenas um vislumbre de um todo maior e infinitamente mais complexo. Portadores da supremacia renegada e de almas a serem julgadas em tribunais humanos que pregam as palavras do homem e nada mais. 
          Motivados a acreditar pela ignorância. Explicar o inexplicável é possível. Em um tempo anterior ao próprio tempo a vontade realmente criou o cosmos, o mundo e o próprio homem? Os mitos se fortalecem ao serem tomados como postulados e todo o passado recente fecha os olhos. A razão hiberna, axiomas se solidificam no sopé da consciência, fincando-a no chão. Nada é inexplicável, pois ninguém admite que seja. Mais simples é para o ser imperfeito conceituar a perfeição, muito mais lógico.
          A parede crivada de avisos, o chão tomado pelo sangue e o céu negro pelo descaso. Atrás do muro há esperança. O dogma final, a verdade real. A única cruz que o homem carrega é aquela que ele insiste em por sobre os ombros. O sexto sentido humano, o único que não sente, mas que cria. Pense a própria essência. O ser humano é fazer crer em si mesmo e somente em si, esta é a única certeza palpável.

@Ferreira_GMV